19.3.13

Desejo

Um cínico pode te dizer que já sabe o que fazer. Vai tirar as roupas coloridas do lugar, sem medo de se importar. Vai ter gente buscando fruta no pomar, gente levantando peso sem parar. Todos sonham com um lugar para ter e para acordar. Todos sonham acordar onde antes foram sonhar.
Já passei por ruas e desejei morar em janelas apertadas, do quinto andar. Passava em frente a repartições e pensava como seria trabalhar lá. O mundo distinto formado dentro de cada pedaço de espaço me fascinava.
Um mendigo quando passa por um restaurante deseja um prato de comida, quando passa pelo bar, deveria desejar um salgado, mas deseja uma dose que vai transformar sem mundo menos feio e seu frio menos trêmulo. Todos temos desejos que não podemos ter, mas que não podemos deixar de desejar.
Somos formados por desejos consequentes e inconsequentes. Não escolhemos querer, apenas queremos.
Um jovem que termina o colegial deseja a faculdade, para desejar a profissão, para desejar mais dinheiro para financiar mais desejos. Ninguém pode culpá-lo. Ele é fruto de si mesmo, fruto de suas vontades, e aquele que o julgar hipócrita será, pois tem tantos desejos e ambições quanto ele. Suprimos nossa necessidade de nos conformar com nossa situação momentânea com apontamentos inoportunos das possíveis falhas morais alheias. Nos justificamos quando estamos certos, e mais ainda quando erramos.
Tudo isso é humano, é nosso. Nem certo, nem errado. Somos um querer constante, comparações e criticas constantes. Criticar o outro por ser crítico não é redundante, é instinto. Somos caos.

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