28.2.13

Cafézinho


- É chato ver um time da grandeza do Corinthians jogar sem sua torcida. E mais chato é ver determinados torcedores e diretores considerarem a punição injusta, radical. A regra foi seguida, e uma vida foi perdida. Para a família do menino morto, pode-se fechar os portões de todos os jogos pelos próximos dez anos, que não fará nenhuma diferença. E, convenhamos, aquele conto de fadas que foi o menor se apresentando e assumindo que disparou o sinalizador é piada.

- E eu que pensava que o PSD de Kassab seria uma opção no mínimo diferente, já vejo nos jornais o partido ganhando regalias e posições do governo em troca do apoio à reeleição de Dilma. É tudo igual.

- Eu trocava o Paulo Maluf por um ingresso pra ter assistido Elton John ontem em São Paulo. Como sempre, de costume, parece que o ídolo arrasou em sua apresentação, sempre alegre e cheia de energia.

- O SBT vai fazer um remake de Chiquititas. Me lembro até hoje da minha fascinação pela novela, em sua primeira versão. Ainda com inocência, me sentava no mesmo sofá, todas as noites, com um pacote de biscoitos de chocolate branco para assistir. Bons tempos.

- Tem embaixador na OEA dizendo que tem fontes seguras que confirmam a morte de Hugo Chávez. Não obstante, diz que Chávez tem morte cerebral desde dezembro de 2012, e que as filhas solicitaram na última semana que fossem desligados os aparelhos que mantinham o pai "vivo". A foto com as filhas divulgada na imprensa? Falsa. Será o fim do Chavismo?

27.2.13

Fantasias e fugas


A condenação de viver somente a realidade seria uma das mais duras penas, se não fosse o fato de possuirmos uma mente que nos eleva a outros patamares quando necessário. Não é possível apenas ser o que somos e viver o que vivemos. Uma "realidade alternativa" se faz necessária para que possamos nos desligar. Por mais ridícula e infantil que seja, uma fantasia deve haver e habitar nossas vidas tão sérias e cheias de coisas importantes. Se não nos dermos ao luxo de flashes de loucura programada, ou de simplesmente algo fora do normal, podemos facilmente pifar, e nem sempre custa barato o conserto.
A sociedade se acostumou a viver em linha reta, onde não há espaço para desvios, trajetos que nos levem ao desconhecido, algo que saia de nossa rotina. A forma mais encontrada pelo humano de se "desconectar" é a inserção quase que compulsória de entorpecentes, incluindo em destaque as bebidas alcoólicas. A fuga da vida real é tentada através dessa perda momentânea da consciência, que impede ao menos por instantes que possamos pensar no que é realmente necessário. Pessoalmente acho esta a mais suja  e degradante forma que o homem encontra para se esconder. Não poderemos nunca ignorar o que somos e o que temos que ser e fazer, mas distorcer nossa imagem perante nossa comunidade não se mostra viável, muitas vezes nos nomeando como fracos e impossibilitados de lidar com os problemas.
E assim somos e é certeza que, oculta ou não, sofremos do mal da fraqueza. A diferença é a forma com que cada qual se sente e reage sendo fraco, sendo um simples e complicado ser que vive.

26.2.13

Sem surpresas!

Era dia 20 de fevereiro de 2013. O PT celebrava os dez anos na Presidência da República (oito de Lula e dois de Dilma). Estavam presentes diversas "personalidades" políticas ligadas ao Partido dos Trabalhadores e à esquerda brasileira. Entre essas personalidades, Lula, ex-presidente, Dilma Rousseff, atual presidente, além da ilustre presença de mensaleiros condenados, como José Dirceu.
Naquela noite, descobrimos desde já, mais de um ano e meio antes das Eleições 2014, quem será o candidato eleito. Acabaram as expectativas da oposição.
"A resposta que o PT deve dar [à oposição] é dizer que eles podem se preparar, podem juntar quem eles quiserem e que, se eles tem dúvida, nós vamos dar como resposta a eles a reeleição da presidente Dilma em 2014."
Essas palavras partiram de Lula, que, segundo o seu antecessor no Planalto, Fernando Henrique Cardoso, trabalha ocultamente (ou nem tanto) como presidente adjunto.
É possível notar no tom do discurso do petista a prepotência declarada, característica típica do PT desde 2002. Segundo suas palavras, que Dilma tome logo posse para mais quatro anos. Como ressaltou Lula, não existe o que possa ser feito pela oposição. Então que não desperdice o nosso tempo.
É com severa tristeza que os defensores dos princípios democráticos enxergam todos os dias demonstrações como esta partindo da ala governista. É um dos perigos claros de uma casta política que apoia a ditadura cubana, celebra a perpetuação no poder e que, como já sabemos, já está assegurada para 2014.
 

25.2.13

Conselheiro de botequim

Seria mais conveniente assumir percalços do que ocultá-los e se sujeitar ao erro novamente. A vida, assim como a história que contamos, é construída de forma temporal, onde cometemos erros e achamos que cometemos acertos. Se fecharmos os olhos para os pontos negros do passeio, estaremos condenados a repetir tudo de ruim que nos assola. Deve-se tornar isso hábito. O tempo de hoje é o único tempo. Pensamos no futuro e lamentamos o passado de forma a imobilizar o presente. Pessoas lamentam que leram 5 livros nos últimos 5 anos, mas se persistirem lamentando não haverá muitas perspectivas de aumento desse número. A conta é simples: se não tem nada, tenha algo. Se ainda não começou a ler, comece. Se não tem dinheiro, junte. Se o primeiro passo não for consumado, o restante do caminho parecerá eterno, e completamente estafante.

24.2.13

Os bons e antigos tempos


Costumes e peculiaridades se perdem pelo tempo. Rotinas são esquecidas, pequenas atitudes, transpassadas. O moderno e o dinâmico tomaram o lugar da calmaria de uma simples caminhada pelas calçadas. Hoje perdura a cultura da pressa, do prazo definido, da loucura diária.
Tempos onde se perdiam horas em um café, uma conversa despretensiosa com um amigo ou conhecido, hoje já não existem mais.
Apesar de ter relativamente pouco tempo vivido, noto que uma certa gentileza se perdeu por entre os dedos. Visitas se tornaram mais formais, pessoas fogem de vizinhos nas ruas correndo o "risco" de terem que submeter à simpatia. Estamos num tempo de solidão, de pequenas fugas durante o dia.
O que mais demonstra esse quadro é o elo que une em quase todos os casos pessoas para se confraternizarem: o alcóol.
Só se reune ou se marca algo hoje em dia com a finalidade de beber, gastar dinheiro com caixas de cerveja, destilados, combinações, tudo baseado no etanol.
Sei que não posso generalizar. Faço parte de um seletivo de pessoas que se reúnem, compram a Fanta Uva, faz uma pipoca e vai passar o tempo em jogos de tabuleiro, ou assistindo um bom filme. Manter esses hábitos é essencial para o reforçamento de amizades, cada vez mais extintas em sua forma real, e também para mostrar ao mundo que é possível viver de forma serena e com bons hábitos, sem a necessidade cada vez maior de estar alterado quimicamente.
Meu vício é somente o da droga da tranquilidade, queimo apenas o tempo e cheiro apenas a presença de boa companhia.

23.2.13

Gritaria dos infelizes

Não adianta espernear
Nem chamar a polícia 
Fez as compras para o jantar
Sem saber se sequer vai levantar
Da cadeira que confortavelmente
Despenca em ilusões passadas
Infelicidade parda
Sem fome, sem sede, sem nada
Na cozinha a velha retardada
Finge que se jogou da escada
Passou molho de tomate na testa
Pra sensibilizar
Mal sabia ela que o povo dali
Não queria saber de nada
O jantar estava pronto
E a mesa seguia vazia
Assim como a vida da família
Infeliz que muda sorria
Sufocante sem gritar

22.2.13

Minha verdade

"A maioria das pessoas quer apenas comprar, divertir-se, ter uma autoestima alta, gozar livremente, não sentir culpa alguma; enfim, ter uma vida moral de criança de dez anos de idade." 
Pondé


Polemizando.

Sempre defendo o direito individual de cada um ser o que bem entender. Isso é legítimo, é direito. Seja em religião, esportes, política. Cada um tem o direito de ser o que quiser, exercer militância para esta ou aquela ideologia, se, seus atos não ferirem o direito individual alheio e não for conivente e entusiasta de ideias que sejam passíveis de punição.
Crer em Deus é escolha, é fé.
Se basear unicamente na ciência é sempre o primeiro argumento para aqueles que encontram no racionalismo suas explicações. Não acreditar em Deus é direito, é posicionamento. Tentar convencer o outro desse ponto de vista também não é crime. Mas o ouvinte precisa estar interessado em ouvir.
Se alguém é católico, evangélico, budista, espírita ou Testemunha de Jeová, é permitido também a liberdade de crença. Se um crente em Deus quer tentar mostrar as razões que o fazem crer a alguém que não acredita também é legítimo, novamente, se o ouvinte quiser ouvir, dar atenção.
Insultar e fazer brincadeira QUE OFENDA qualquer religião é indevido, crime. Atenta contra a liberdade religiosa. Casos como o "Aleluia, irmão" ou no caso dos ateus a máxima do "ateu até o avião cair" são inofensivas, não ferem, em minha opinião.
Meu posicionamento sobre não acreditar em Deus, ou em nada: Algumas pessoas podem sofrer processos em suas vidas que desqualifiquem a possibilidade da existência de algo maior, olhando por todos. Se sentem desamparados, sem suporte de um Deus, de nada. Essa decepção terrena mina as possibilidades do acreditar.
Outro aspecto: Vejo constantemente pessoas com todas as características de um comportamento corriqueiro hoje em dia. A descrença em Deus se dá por motivos secundários, buscando total liberdade para imoralidades, ausência de culpa, como se não houvesse nada vigiando os atos do dia-a-dia, permitindo, dessa forma, fazer o que bem entenderem. Mais típico de adolescentes e adultos travestidos destes.
Isso é ponto de vista, e não verdade. É a minha verdade, não precisa ser a sua.


21.2.13

Cafézinho


- Caçambas sempre são vistas pelas ruas próximo de obras ou terrenos baldios, acredito que com o intuito de não acumular entulhos nas calçadas. Mas o que mais me chamou a atenção ontem foi o aviso em uma delas: PROIBIDO JOGAR LIXO DOMÉSTICO. A proibição é válida, já que essa não é a finalidade da caçamba, mas, será que existe alguma forma de coibir isso? Achei insensato.

- Alguém mais tem a sensação de que todo esse fervor pelas assinaturas para tirar o Canalheiros não vai dar em absolutamente nada?

- Neymar continua dando o que falar. Agora o pica-pau santista resolveu, através de seu representante, destratar o maior ídolo da história do Santos e conhecido como melhor jogador de todos os tempos, o tal do Pelé. Humilde que só, ao perceber quer não consegue dominar a todos com o seu "carisma", resta a ele atirar pra todo lado, enquanto cai desesperado quando lhe encostam em campo e namora a Bruna  Marquezine nas horas vagas.

- E o PT vive em festa. Quando não é com o dinheiro público, é pra comemorar que já fazem 10 anos que pintam (e bordam) o Brasil de vermelho. Um minuto de silêncio.

- Sempre sou da opinião que o "fazer pensar" é perigoso. Dá uma sensação de "quero que você pense exatamente como eu". Prefiro, ao tomar conhecimento de um ponto de vista diferente, tirar minhas conclusões e pensar por mim mesmo.

20.2.13

Não quero saber


Agora virou moda nas redes sociais. Tem gente postando "notícias" que "afirmam" a existência de extraterrestres na Terra, e que o governo norte-americano, obviamente, sabe de tudo e esconde entre oito paredes as verdades da inculta população.
E eu venho através desse inotório texto clamar ao Sr. Obama: continue escondendo, por favor.
Não tenho o menor interesse de saber se existem ET's, naves espaciais ou qualquer forma de vida extraterrestre. Não preciso disso para ser feliz ou me acrescentar algo.
Sinceramente, o mundo já é grande demais e cheio de gente demais para que eu tenha que me preocupar com quem é da vizinhança.
Se algum cabeçudo verde cair novamente em Roswell, no sul de Minas ou na região central de Kosovo, favor desconsiderar a possibilidade de divulgação.
Não entendo a necessidade cabal de saber tudo, de ter consciência de tudo. As particularidades dos humanos já nos rendem notícias todos os dias, dignas de serem vindas de Júpiter  então pouco mudaria a minha concepção de loucura ou distinção. Os terrestres já nos causam experiencias extraterrestres suficientes e além do medo de sair na rua e sofrer um assalto não preciso do medo de ser abduzido ou levar um disparo de raio ultra-congelante.
Enfim, não abram nenhum arquivo, não programem coletiva de imprensa e permaneçam em silêncio. Deixe-me cuidar da minha vida pois já existe a CIA, o FBI ou seja quem for pra tratar disso. Tenho coisas mais importantes.
ABRAM OS ARQUIVOS!! ABRAM OS ARQUIVOS!! Não, obrigado. Não quero saber.

19.2.13

Janela para o passado


Senhor Leví, homem de grande grandeza e avareza, passou as tardes de segunda e terça contando e relendo as cartas velhas e amarelas da adolescência. Eram tantas amizades que nem se lembrava mais. Não conseguia jogar fora nenhum dos velhos rabiscos de seu passado, que era tão diferente e tão longe, agora que se sentia velho e sem amor.
Ficava pensando se poderia ter se casado com uma das remetentes. E poderia compartilhar sua casinha nos fundos da praça Damásio, perto do posto de gasolina. Quando enjoava das cartas, gostava de ficar na janela, olhando o dia virar noite, e as mocinhas que passavam e lembravam seus tempos de escola. A quina do armário da cozinha remetia à trave do gol do colégio Madrepérola, onde se formou e nunca mais voltou. Sentia falta das aulas, de ler, de ver utilidade em viver. Já se passavam tantos anos desde as últimas felicidades, que ele já nem se lembrava muito do que havia esquecido…

18.2.13

Quando Nelson Rodrigues me falou


"O ser humano é o único que se falsifica. Um tigre há de ser tigre eternamente. Um leão há de preservar, até morrer, o seu nobilíssimo rugido. E assim o sapo nasce sapo e como tal envelhece e fenece. Nunca vi um marreco que virasse outra coisa. Mas o ser humano pode, sim, desumanizar-se. Ele se falsifica e, ao mesmo tempo, falsifica o mundo."
Nelson Rodrigues (27/12/1967)

Estou lendo uma coletânea de crônicas do gigante Nelson Rodrigues. Comecei a ler como curiosidade, afinal, nunca tinha tido muito acesso ao seus textos. E fui literalmente consumido. Deixei outros livros de lado e leio Nelson no ônibus, no trabalho, andando, sentado. A forma na qual ele conta seu infantil cotidiano carioca na década de 1910, conversas, bares, funerais. A linguagem de Nelson Rodrigues me encanta. A forma despojada, cínica e ao mesmo tempo elegante me incentivam bastante agora nos novos rumos tomados.
Me inspiro em quem fez diferente, em quem faz. Me canso do repetido, do já lido. Jamais terei uma mente como a de Nelson, Paulo Francis, Millôr ou Ivan Lessa, mas uso a escrita destes mestres como forma de tentar fazer algo distinto, que se separe do incontagiante padrão politicamente correto, quando nada mais se pode dizer, brincar ou reclamar.
Faz sentido todos os citados já terem partido para outra, afinal, enquanto a escrita se torna monótona, emburrecemos, perdemos luz, e isso só pode ser bom para quem não gosta de ler/ouvir a verdade, e extremamente ruim para quem insiste em pensar diferente.

17.2.13

Dis Correndo

Aqui está de novo o espaço branco para ser completado. Desfigurado por palavras vai ficar o vazio perfeito em seu objetivo, de não explicar nada. Penso grande e vivo pequeno, esperando os grandes passos e pequenas mudanças. Não vou ficar arrancando as plantas que vão nascer de novo. Eu queria parar de me incomodar com o que incomoda. E simplesmente viver sorrindo do sarcasmo que existe nos outros serem eles mesmos, com seus medos, deselegâncias e falta de respeito para com qualquer coisa. O medo de sair na rua é evidente por todos todos os dias, mas medo maior daria ainda não ter a rua pra chegar naquela esquina esperando pela fotografia perfeita, que será guardada para sempre e revista todos sábados a noite, quando as familias se reunirem e for percebido que a paisagem mudou, e o tempo só correu.

16.2.13

Sem Tidos Ví

Ao acordar percebi perder o rumo. Os caminhos estavam confusos, perdidos em vilas escuras onde já não havia plantas na janela. Sonhando ou não, simplesmente me coloquei a correr para onde meus olhos estivessem cegos. O medo de bater a cabeça era menor que a vontade de ser louco, enfim. As pessoas opacas nas margens me olhavam pasmas, como se estivessem surpresas com o que viam. Enxergo novamente a rua cheia de nuvem, branca, feito algodão doce velho, onde eu poderia tocar as estrelas que deveriam estar alí. De repente acordei, e voltei para a rua. Já não sabia se era sonho frio ou cama quente. Era um vácuo entre a ironica realidade e a desfenerada alucinação. O olhos estavam abertos e fechados. Eu viajava e voltava para onde quer que eu estivesse. Parado, entre lençois e paredes, me coloquei a pensar dentro do sonho, ou da vida. Já não tenho coragem de dizer o que pensei. Na verdade nem sei onde estava. Insano.

15.2.13

Diários da mente

Fico imaginando se pudéssemos registrar tudo ou quase tudo do que pensamos, em tempo real, sem netbooks ou afins. Um livro mental, capaz de incluir tudo que achassemos viável para ir pro papel. Dentro da mente de muitos, pode-se passar idéias para livros, textos magníficos, que se perdem pela escuridão da memória apagada pelo tempo que se foi. Obviamente para as editoras seria muito mais trabalhoso editar livros de tudo que alguém pensa. Mas nem gostaria mesmo que pensamentos soltos fossem parar em estantes, e nem teriam o porque. Tudo que eu realmente queria, era não perde-los.

14.2.13

Das viagens noturnas

Os traços brancos no centro da pista vão ficando para trás aos milhões, causando tontura e uma sensação de que tudo corre.
A janela não abria, então era impossível sentir o vapor da noite, com seu cheiro selvagem e frio. Músicas escolhidas especialmente pareciam serem tocadas pelos deuses da escuridão que coloria de preto o céu e a paisagem lá fora.
O destino ia se aproximando e fazendo as expectativas acontecerem de forma mais viva. A distancia restante não causava desanimo, tampouco desconforto. Era como se aqueles minutos estivessem cumprindo um papel importante para o decorrer da vida. Estradas noturnas são como um pit-stop em uma corrida de carros, onde o combustível real são pensamentos e inspirações para o transcorrer dos dias.
Com o tanque cheio e a máquina fotográfica a estrada segue correndo, ficando para trás, nos levando para frente, onde bem quiser.

13.2.13

Negativas

Pessoas são como vasilhames, daqueles que ficam nas estantes da cozinha. A diferença é que cada qual pode colocar dentro de sí o que bem entender. Algumas optam por se encher de sentimentos negativos. Eu as chamo de negativas. Passo ao lado delas e sinto aquele calafrio estranho, mas no segundo seguinte lembro-me do que há de maior, e simplesmente as ignoro. Dentro de mim costumo deixar apenas o que considero razoável, no sentido mínimo. Deixo o negativo para as negativas.

12.2.13

O Estranho começo

Tudo que existe e ainda irá existir um dia terá ou teve um começo. Isso se aplica a uma vida, um livro, ou simplesmente uma página de internet. Só que é difícil saber onde começa e termina o começo. Como dizer se após dez páginas escritas o começo de um livro já se esgotou? E como afirmar que uma pessoa de quarenta anos ainda não estará no começo da vida? Julgamos tudo pelo que a história nos conta. Se vivemos em média oitenta anos, o começo se torna curto, mensurável. Mas ninguém poderá saber um dia a medida do que sentimos. Exemplos para isso são jovens na chamada terceira idade, ou velhos adolescentes. Não é uma simples questão de ciência, mas sim uma questão de saber em que parte de sua história você realmente está.
--
Originalmente escrito em 19/06/2010.

11.2.13

Os piegas e os loucos


Todos os dias somos confrontados com o mundo. Nossos valores, costumes e personalidade enfrentam batalhas diárias contra o que existe lá fora e não faz parte de nós. Cada ser se define de uma forma, e gosta de ser definido de um determinado jeito. Até mesmo aqueles que querem parecer mais livres se definem como "indefinidos". Isso também é definição, além de um pouco de falta de identidade.
Vivo rotineiramente em contato com uma sociedade cheia de desvios, cheia de problemas morais. Não gosto de vida noturna agitada, de afogar mágoas em garrafas alcoólicas, de usar drogas ou andar pelas ruas vivendo uma vida de libertinagem. Desde pequeno a vida foi entre os muros de casa, com a família, ou na solidão acolhedora do aposento próprio. E essas características caminharam comigo até hoje, na vida séria, adulta. Talvez sendo até mais piegas do que quando infantil.
Mas apesar da rota seguida orgulhosamente, seja filosófica ou politicamente falando, alguns cenários de vida são extremamente sedutores perante a normalidade. Um dos maiores exemplos disso no meu caso são as obras do escritor beat Jack Kerouac.
A escrita de Kerouac, em romances muitas vezes autobiográficos chama a atenção dos olhos mais caretas que o possam ler. A sensação de liberdade, o despudor e a forma contagiante com que escreve faz com que aquele que lê desejasse um pouco aquela vida sem responsabilidades, perdida pelas ruas de São Francisco, onde as preocupações maiores são beber e escrever sobre a bebedeira de ontem.
Os locais frequentados, cenários muitas vezes de exibições horrendas de bêbados se pegando, sexo explícito e uso constante de drogas tornam-se atraentes justamente pela total ausência destes na rotina diária de uma pessoa, em tese, conservadora. A existência de limites autoimpostos traz consigo a ideia do errado, daquilo que não deve ser feito, por questão própria de princípios. E esse errado, mesmo que mentalmente, é passível de desejo e imaginação.
Particularmente, a faceta viajante da obra do escritor franco-americano é a que mais me chama atenção. As viagens, com poucos centavos no bolso, sem destino muito definidos, na dependência de caronas das mais variadas pessoas, arrumando trabalhos sazonais para subsistencia pelo caminho, para um apaixonado por viagens, é meio caminho andado para eclodir pensamentos pessoais nessas situações, muito provavelmente inspirando pessoas pelo mundo a fazer algo parecido.


A vida é denominada como chata e maçante por muita gente, com seus trabalhos e problemas pessoais, e ter ao menos na literatura beat de Kerouac uma forma de pensar livre é algo reconfortante. Ler realmente é viajar.
--
*Na primeira foto, o escritor Jack Kerouac.
*Na segunda foto, a região do Big Sur na Califórnia (EUA), palco de um de seus melhores livros.

10.2.13

Micareta no DF tem abadá de gravata

A sujeira apareceu
Alguém varreu
Quer fazer sumir
Evidência inconteste

Foi lá na capital
Que teve bandido na liderança
Era tanta a lambança
Fico triste só de contar

Gente condenada eleita
Por gente muito suspeita
Interesses pessoais
São os que importam mais

E eu vivo assim
Esperando a próxima eleição
Pra descobrir qual será o figurão
Que nosso dinheiro vai levar

Enquanto o imposto sobre
A moral só desce
E esses bandidos de gravata
Daqui a pouco a gente esquece

A folia rola solta na Bahia
Mas deixa eu te contar
As melhores orgias estão em Brasília
O senado tá aí pra provar

9.2.13

Outros carnavais

Lembro-me dos trios elétricos passando pela avenida da rodoviária, a maior da cidade lá na terra onde nasci. Os blocos corriam contra o tempo para se animarem e animar a todos. Parentes de longe iam passar o período de parada nacional na cidade natal. Salsichão, churrasquinho, churros e muitos doces (a cocada era minha favorita). Uma fábrica velha de um lado, do outro a cidade, um hotel, o supermercado fechado servia de encosto dos passantes. Tudo tão simples e deixado tão longe. O trailer de lanche perto da ponte, o hamburguer sem milho, a Fanta Uva. Gente sentada na calçada, namorados, pais, filhos. Quase meia noite era o limite da hora de ir pra casa. Antes ainda, posso pegar um algodão doce?
Em casa, nenhum cansaço, na TV, o mesmo de sempre para não ver.
São as melhores lembranças que a festa do fevereiro me remete. Hoje em dia prefiro o sossego, a solidão. Uma sacada na madrugada, uma música alheia ao longe, um hotel com duas janelas iluminadas, carros misteriosos passando pro interior e para a estrada.
Um livro, um sono, um colchão. E a necessidade pujante de paz mental, longe de máscaras e confetes.
Longe das festas que pelo Brasil aumentam níveis alcoólicos no sangue do povo, diminuem a audição dos que seguem violentos trios com suas letras etílicas gritadas e do sexo disposto em cada esquina ou em cada canto. Enquanto a massa nacional busca no Carnaval a permissão para a folia, eu peço permissão para ler e lembrar da minha infância. Gosto bem mais do meu estilo, particularmente.