17.3.13

Rotina.

Atento, em disparada, sigo sem olhar.
Todos os indícios de fuga se concretizaram.
Já passa das oito.
Nenhum carro ainda veio buscar as caixas.
A música do bar do outro lado da avenida é legal.
E um céu que parecia azul já beira o cinzento.
Os refúgios tem suas portas abertas.
Encarcerados fogem para onde enxergam.
Não sabem onde estão, mas fogem.
A polícia fez o boletim, e liberou o acusado.
Na lareira os documentos promovem brasa.
Na chaleira a água quente exala cheiro de nada.
Na xícara folhas tem destino triste.
Na TV um filme de 1946.
No sofá ninguém assiste.
O carro passou e buscou as caixas.
As vítimas voltaram para seus cativeiros.
O chá está pronto.
O filme ainda não terminou.

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